Em Oikonomos, Edson Chagas (Luanda, 1977) dá continuidade a uma reflexão que, iniciada em 2011-2012, adquiriu novos contornos por volta de 2017. Tanto o recurso ao método serial na fotografia, como a decisão de manter algumas das suas séries em aberto e em processo revelam um aspecto fundamental da prática artística de Chagas. Trata-se da procura constante e minuciosamente atenta ao mundo em redor, do local ao continental e ao global, e por isso mesmo, também e sem contradição, desacelerada e introspectiva, vivencial e intuitiva, sem nunca abdicar do espaço e do tempo necessários à observação e à reflexão, à experiência e à experimentação, nomeadamente no que ao próprio meio da fotografia diz respeito, enquanto ponto de partida formal e conceptual para todos os demais sentidos que a sua obra indubitavelmente adquire. A fotografia, entendida e praticada de forma serial e expandida, subjectiva e não documental, permite-lhe tomar criticamente o pulso aos impactos que as dinâmicas sociais, económicas e políticas do capitalismo globalizado têm tido sobre os ritmos quotidianos das cidades do Norte e do Sul globais, cujos espaços e objectos escapam cada vez menos à total mercantilização, e cujas subjectividades se reduzem cada vez mais ao desagenciar alienante do consumo (ou do seu desejo). O artista incita-nos a um questionamento essencial, enquanto ponto de partida para a procura conjunta de outros modos de vida.